Anitta faz mistureba pop em álbum para embalar o verão com bregadeira, funk, sertanejo feminista e ‘aquele frevo axé’

Ivete Sangalo, Rogerinho, Simone Mendes, MC Livinho, MC Danny e Hitmaker integram o time de convidados do disco, que traz oito músicas inéditas. Capa do álbum ‘Ensaios da Anitta’, de Anitta
Fred Othero / Divulgação
♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: Ensaios da Anitta
Artista: Anitta
Cotação: ★ ★ ★ 1/2
♪ Álbum lançado por Anitta para embalar o verão vindouro e a temporada pré-carnavalesca de 2025, Ensaios da Anitta descende da linhagem pop do disco anterior da artista em português, À procura da Anitta perfeita (2022), lançado há dois anos. O time de produtores e compositores inclusive é o mesmo, sendo capitaneado por Hitmaker, codinome artístico de Wallace Vianna.
Inspirado pelos shows carnavalescos feitos pela cantora no Brasil, Ensaios da Anitta é álbum pautado pela mistureba pop que dá o tom da música brasileira no mainstream.
Para quem quiser ir atrás do trio eletrônico, há Lugar perfeito (Wallace Vianna, Klismman e Romeu R3), aquele frevo axé baiano com mais cara da convidada Ivete Sangalo do que da própria Anitta.
Para quem quer namorar na pista ao som de uma bregadeira. a pedida é Imagina (Wallace Vianna, Romeu R3, Klismman, Zack Vox, Vanessinha e Rafa Chagas), faixa que traz Rogerinho, astro cearense do gênero.
Para quem curte uma sofrência pop sertaneja, mas sem dar o braço (e o cotovelo) a torcer, Anitta oferece Perdeu (André Vieira, Bárbara Dias, Klismman, Romeu R3, Tália, Wallace Vianna e Zack Vox), música gravada com Simone Mendes.
Para quem é de brega-funk, tem Sei que tu me odeia (André Vieira, Bárbara Dias, Breder, Klismman, Romeu R3, Wallace Vianna e Zack Vox) em feat. de Anitta com MC Danny, cantora e compositora paulistana associada ao gênero.
Em bom português, Anitta continua atenta aos sinais do pop brasileiro formatado em escala industrial para baladas e para massas sem jamais esquecer as origens nos bailes funk. Se a cantora reprocessou o batidão para gringos no álbum Funk generation (2024), a artista olha para o umbigo nacional quando incursiona pelo gênero no álbum Ensaios da Anitta.
Maratona de jogação (Lary, Klismman, Tália, Wallace Vianna) é funk herdeiro do batidão carioca. Em pegada similar, Sem freio (Eleno Henrico, Guga Meyra, Carol Biazin, Chum, Fraga e Donatto) junta a Girl from Rio com o paulistano MC Livinho.
Nada soa ruim ao longo do disco, mas tampouco prima pela excelência. A munição de Anitta é somente certeira e se enquadra no (questionável) padrão de qualidade do pop da atualidade.
Ensaios da Anitta traz músicas para baladas e, nesse sentido, é injusto desqualificar o álbum. Até porque Anitta sabe marcar posição feminina em letras de alta carga erótica, alguma verve e muita autoestima.
São letras que alvejam o macho alfa, burro, gostoso e narcisista, como no caso de Capa de revista, a melhor música da safra de oito inéditas. A faixa cita Popozuda rock’n’roll (2000), híbrido de funk e rock do grupo DeFalla.
Já Chata pra caralho (Anitta, Rafael Fadul, Pablo Bispo, Gorky, Maffalda, Rafael Andrad e Victor Sarro) traz na base um toque de Alala (2005), hit eletropop do grupo paulistano Cansei de Ser Sexy.
Enfim, com ecos do passado, mas foco absoluto no presente, Anitta se mantém na pista com este disco derivado dos ensaios da artista no pré-Carnaval.
Anitta em fotomontagem com os convidados do álbum ‘Ensaios da Anitta’
Fred Othero com fotos de divulgação