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As três desculpas que mais costumamos dar e ouvir

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As três desculpas que mais costumamos dar e ouvir

Em “Lidere Sua Vida: Dez Decisões Intransferíveis para o seu Desenvolvimento Pessoal” (editora Vida), o pastor, teólogo e escritor Matheus Soares busca combater o que chama de “frustração silenciosa” — uma sensação de estagnação causa por problemas de ordens variadas.

A partir de passagens Bíblicas, citações de grandes pensadores e exemplos pinçados na História, ele oferece caminhos para que o leitor organize melhor o seu tempo e, como indica o título, faça a gestão da própria trajetória.

No recorte abaixo, Soares descreve as três desculpas que mais costumamos usar para nos sabotar. Também analisa as quatro crises típicas da vida adulta.

A sua perseverança o recompensará mais ao longo dos anos do que a sua qualificação. Ou seja, você precisa unir qualificação e persistência, porque somente a primeira opção não será suficiente.

Esse é um dos motivos pelos quais você precisa parar de acreditar em suas desculpas. A verdade é que você nunca sabe o que é capaz de fazer até que se lance nisso por inteiro

Existe uma analogia sobre a vida que considero incrível:

“Há uma pessoa idosa dentro de você. Chegará o dia em que você acordará e, quando for escovar os dentes e se olhar no espelho do seu banheiro naquela manhã, naquele dia você estará completando 70 anos de idade. Sabe o que verá no espelho naquele dia? Uma pessoa idosa! Sabe onde essa pessoa está agora? Dentro de você lendo este livro! O grande problema é que você só se encontrará com essa pessoa daqui a alguns anos. Não a decepcione com uma vida que só entregou a metade do que poderia ter feito hoje”.

Das centenas de desculpas que costumeiramente sempre ouvimos das pessoas, existem três que com muita frequência sempre são vistas.

Os evangelhos nos contam o glorioso relato da multiplicação dos pães e peixes realizada por Jesus. Tanto Mateus como Marcos, Lucas e João nos falam sobre detalhes que aconteceram naquele dia.

Jesus fez uma pergunta a Filipe sobre onde conseguiriam pães para alimentar toda a multidão (cf. João 6.5), e a resposta dos discípulos apresentou três possíveis problemas que poderiam impedir que a multidão fosse alimentada:

Primeira: o lugar — “Este é um lugar deserto” (cf. Mateus 14.15).

Segunda: o tempo — “Já está ficando tarde. Manda embora a multidão para que possam ir aos povoados comprar comida” (Mateus 14.15).

Terceira: a falta de dinheiro — “Duzentos denários não comprariam pão suficiente para que cada um recebesse um pedaço” (João 6.7).

Guarde isto: nossas desculpas sempre estarão atreladas ao lugar, ao tempo e ao dinheiro.

As pessoas sempre dizem: “Este lugar não é bom”, “Aqui nunca ninguém deu certo”, “O ambiente aqui não ajuda”, “Nada cresce aqui”.

Ou então: “Pena que não tenho tempo”, “Como queria ter entendido isso antes quando era mais jovem!”, “Agora já não dá mais!”.

Ou ainda: “Ah, se tivesse condições”, “Se alguém conseguisse me patrocinar”, “Como seria bom se tivesse dinheiro para ir”, “Só não participo porque não tenho esse valor”.

É preciso vencer as desculpas

O lugar pode até influenciar, mas não é o único fator determinante. É você quem se desenvolve primeiro, e daí desenvolve o lugar. É você quem cria um novo lugar no mesmo lugar. Quando você cresce, o lugar cresce na mesma proporção.

Mais importante do que o ambiente de onde veio, ou o ambiente onde está, é a realidade que você pode construir. Deus transforma pessoas para que possam transformar lugares.

Isso aconteceu com Jacó. Em Gênesis 32.28, Deus muda o nome de Jacó para Israel, mas dois versículos depois, em Gênesis 32.30, “Jacó chamou aquele lugar de Peniel, pois disse: Vi Deus face a face, e a minha vida foi poupada”.

Primeiro Deus mudou o nome de Jacó, depois Jacó mudou a identidade do lugar, porque Deus muda as pessoas para que elas possam mudar os lugares. Portanto, a realidade do lugar não pode ser uma desculpa para você.

Você também não pode permitir que a falta de dinheiro o impeça de pelo menos começar. O tempo nos ensina que precisamos mais de coragem do que de dinheiro, pois existem mais pessoas sem coragem, frustradas por não terem conseguido avançar, do que pessoas que não começaram por falta de dinheiro.

Para todo empreendimento de sucesso, alguém teve de tomar uma atitude de coragem. Todos os relatos de pessoas que vieram de baixo e venceram na vida sempre tiveram uma coisa em comum: pouco dinheiro e muita coragem.

Poucas pessoas conseguem começar com condições favoráveis e recursos abundantes; a grande maioria, porém, inicia sendo surpreendida por Deus com milagres que foram consequência e recompensa de uma medida inexplicável de fé e coragem.

Você não pode deixar que a falta de dinheiro seja uma desculpa para começar. Se tiver coragem e der os primeiros passos, Deus conectará você com pessoas que o ajudarão até que consiga se estabilizar, mas você precisa começar.

A idade também não pode ser uma desculpa — ainda dá tempo. Há uma curiosidade entre os ganhadores do Prêmio Nobel: a grande maioria deles tem mais de 60 anos. A média de idade dos vencedores do Nobel de Economia varia em torno de 67 anos.

Leonid Hurwicz [russo-americano conhecido pela teoria dos jogos e design de mecanismos], por exemplo, ganhou o Nobel de Economia em 2007 aos 90 anos. A média mais baixa é a do Nobel de Física, e, mesmo assim, fica em torno de 55 anos.

As quatro crises da vida adulta

Dificilmente na vida as coisas acontecem no momento que queremos. Na verdade, a crise do tempo vai nos assolando ao longo dos anos, e tenho a impressão de que, a cada década, ela se agrava a partir dos 30 anos.

A crise dos 30 costuma ser a crise de propósito — a pessoa se questiona sobre o que fará da vida, como gastará os dias, para que, de fato, nasceu. É o momento em que a pessoa começa a sentir a velocidade do tempo avançando à medida que os filhos crescem.

Já a crise dos 40 em geral é a crise da consolidação. Entre os 40 e 50 anos nos deparamos com a década de ouro da grande maioria das pessoas. É a fase na qual normalmente a pessoa começa a alcançar certa estabilidade e consegue produzir algo mais sólido.

Costuma ser também uma década de reflexão, pois quase sempre é a fase em que as pessoas queridas, que fizeram parte da nossa infância, como, por exemplo, membros da família e amigos, costumam concluir sua trajetória; o resultado é que passamos também a nos conectar através dela com a realidade das décadas finais da vida. Aos 40 anos, a pessoa se questiona sobre o que, de fato, tem valor na vida.

A crise dos 50 costuma ser a crise da readaptação. É a fase que amansa o homem. Netos começam a chegar, e a vida abre caminho como se nos desse uma nova oportunidade para reviver as emoções da fase dos 30.

Nessa fase, costuma-se querer ter mais paz do que razão. As discussões perdem o sentido, pois começa-se a perceber que não vale a pena ganhar argumentos e perder pessoas. É como se a vida estivesse se recompondo emocionalmente para a jornada final.

No entanto, tenho percebido também que há ainda outra crise aos 60 — é a crise da fase decisiva. É a fase na qual entram em choque duas ideias: primeira, não posso mais me dar ao luxo de cometer alguns erros e assumir tantos riscos; segunda, também não posso deixar que os próximos anos se passem sem que tente ir em busca daquilo que sonhei, mas ainda não vivi.

Saber até onde correr certos riscos é algo que se costuma buscar com muita frequência nesta fase. É o sentimento de: “Ainda tenho um sonho! Talvez a última oportunidade de vivê-lo seja agora”.

Muitas pessoas nessa fase costumam se lançar para viver o que sempre quiseram para a vida pessoal e profissional, mas nunca tiveram coragem. Nessa fase, Salomão, por exemplo, orientou que o ser humano deveria aproveitar a vida, sem se esquecer de algo: “Tema a Deus […]. Pois Deus trará a julgamento tudo o que foi feito” (Eclesiastes 12.13-14).

É depois dessa fase que entramos no ciclo da velhice, quando a vida costuma coroar quem soube viver bem cada um dos ciclos anteriores. Talvez por esse motivo a grande maioria dos prêmios Nobel se alcance com essa idade — é o reconhecimento público de alguém que teve dedicação total à vida.

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