Política
Polícia Civil indicia por lesão corporal culposa motociclista que atropelou triatleta Luisa Baptista
Investigações do acidente duraram quase sete meses. Pena para crime varia de seis meses a dois anos de detenção. Triatleta se diz indignada com a tipificação do crime. Triatleta Luisa Baptista vai aos Jogos de Paris sete meses após atropelamento
Rodrigo Sargaço/EPTV
O 1º Distrito Policial de São Carlos (SP) finalizou o inquérito e indiciou o motociclista que atropelou a triatleta Luisa Baptista, na Estrada Municipal Abel Terrugi (SCA-329), no distrito de Santa Eudóxia, em dezembro do ano passado.
Nayn José Sales, de 27 anos, que não tem carteira de habilitação, foi indiciado por lesão corporal culposa na direção de veículo automotor (que é quando não tem a intenção de matar). A pena para esse crime é de:
seis meses a dois anos de detenção;
suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
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As investigações duraram quase sete meses e foram concluídas na segunda-feira (22) pelo delegado Caio Iberê Galvão Gobato.
Triatleta Luisa Baptista durante recuperação de acidente
Reprodução
De acordo com o Secretaria de Segurança Pública (SSP) os exames realizados para a constatação de embriaguez ao volante deram resultado negativo e o inquérito policial foi encaminhado à Justiça.
O g1 questionou sobre o indiciamento pelo crime de Nayn dirigir sem habilitação e acima da velocidade, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
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A triatleta Luiza Baptista gravou um víedo em suas redes sociais dizendo que estava indignada com a tipificação do crime e que confia no Ministério Público. “Agora, aguardamos a posição do Ministério Público. O investigado, que me tirou das olimpíadas desse ano, estava em alta velocidade, na contramão, dormiu poucas horas e nem possuía habilitação”, afirmou (veja mais abaixo).
(…) estou viva! Isso é o mais importante! Viva cheia de medo, dores, cicatrizes, sentimentos de angústia, insegurança e incertezas, com o sentimento de impunidade, de que minha vida não vale nada!
O g1 entrou em contato com Nayn José Sales e aguarda um retorno.
MPSP informou que recebeu o inquérito e vai pedir mais algumas diligências para análise.
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Homicídio com dolo eventual
Em maio, a triatleta informou que seus advogados entraram com uma petição no Ministério Público para mudar a tipificação do inquérito que apurava seu atropelamento. A mudança seria de lesão corporal culposa para tentativa de homicídio com dolo eventual (quando se assume o risco de matar). O anúncio foi feito em vídeo no Instagram.
“É inadmissível que uma pessoa que pega uma moto ou um carro após uma festa open bar, sem dormir, em alta velocidade, dirigindo na contramão e sem carteira de habilitação saia impune após quase retirar a vida de uma pessoa. Qualquer pessoa sóbria sabe que pode retirar a vida de alguém cometendo tais atitudes”, afirmou na publicação.
Na época, o motociclista Nayn José Sales enviou uma nota ao g1 afirmando que o acidente foi uma fatalidade e que não saiu de casa com a intenção de matar alguém. Também disse que não estava bêbado e que está sofrendo com dores crônicas.
Atropelamento em dezembro de 2023
Bicicleta da triatleta Luisa Baptista ficou destruída após acidente em São Carlos
Ely Venancio/EPTV
O acidente aconteceu em 23 de dezembro do ano passado na Estrada Municipal Abel Terrugi (SCA-329), no distrito de Santa Eudóxia. O caso é investigado pela Polícia Civil como lesão corporal culposa (quando não há intenção) na direção de veículo automotor.
Naquela noite Sales foi a uma festa open bar numa casa noturna. Ele disse à polícia que não ingeriu bebida alcoólica, chegou em casa por volta das 4h30 e dormiu pouco e que no momento do acidente estava indo trabalhar.
A Triatleta Luisa Baptista durante treino em São Carlos
Reprodução/EPTV
Sobre não ter CNH, ele disse que já tinha iniciado o processo na autoescola. “Tinha completado o cursinho, mas, por falta de tempo e questão financeira – a firma que eu trabalhava faliu e troquei de serviço, não terminei”, contou ao g1 em março.
O inquérito policial que investiga o acidente envolvendo o motociclista e a triatleta foi aberto em 9 de janeiro de 2024, 17 dias depois do fato. De acordo com o documento ao qual o g1 teve acesso, o depoimento de Sales foi tomado no dia 5 de janeiro.
Recuperação
A triatleta Luisa Baptista recebe a visita de suas cachorras no hospital
Vitor Duarte/Reprodução Instagram
Luísa recebeu alta hospitalar em 1º de abril, 100 dias após ser internada. Ela teve ferimentos em quase todo o lado direito do corpo, perfurações no pulmão e fraturas expostas na mão e na perna.
A triatleta deu entrada no hospital em choque hemorrágico grave, o coração chegou a parar por oito minutos. Apesar disso e dos dois meses que passou em coma, Luisa não sofreu danos neurológicos.
Depois de passar pela Santa Casa de São Carlos e pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), a atleta foi transferida para o Hospital São Luiz – Itaim, na Zona Sul da capital paulista, onde permaneceu por mais de dois meses na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), até a alta.
A triatleta seguiu o processo de reabilitação em uma clínica em São Paulo. Passou por um procedimento cirúrgico para a colocação de uma prótese no quadril.
No início de junho, ela finalmente voltou para sua casa, em Araras (SP), onde segue sua recuperação.
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