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Política

Itamaraty quer ouvir indígenas sobre políticas ambientais a serem debatidas na COP30

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Itamaraty quer ouvir indígenas sobre políticas ambientais a serem debatidas na COP30

Brasil sediará, em 2025, Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas. Movimento do Itamaraty, em meio à mobilização nacional dos indígenas, também busca enviar recado a outros países. Palácio do Itamaraty
Reprodução/ Agência Brasília
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) passou a buscar uma aproximação com lideranças indígenas com o objetivo de discutir políticas ambientais, principalmente as ações a serem debatidas no ano que vem durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).
A cidade de Belém (PA) sediará o evento, considerado o maior sobre meio ambiente em nível global, pois costuma reunir representantes de cerca de 200 países, entidades que atuam na busca da preservação ambiental, especialistas e representantes da sociedade civil.
Nesta semana, por exemplo, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, recebeu em seu gabinete no Palácio Itamaraty lideranças da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) que participaram em Brasília do Acampamento Terra Livre, maior mobilização indígena do país.
Lideranças indígenas se reúnem com o presidente Lula sobre demarcação de terras
No encontro, segundo informou o Itamaraty, Mauro Vieira discutiu com as lideranças indígenas temas como a COP30 e a participação de indígenas em eventos no exterior.
Além das discussões envolvendo a COP30, o governo Lula também está de olho no G20 — organização que reúne as maiores economias do planeta —, cuja presidência em 2024 é brasileira e tem entre os eixos centrais o desenvolvimento sustentável.
“É impossível falar de mudanças climáticas, preservação ambiental e desenvolvimento sustentável sem levar em conta a posição dos povos indígenas. Esta é a chance que temos de encontrar caminhos e soluções, formulando políticas públicas, até em nível internacional, sobre preservação ambiental”, afirmou à GloboNews um diplomata envolvido nas conversas.
Na avaliação desse diplomata, uma integração “maior” entre os povos indígenas e o governo federal pode ajudar o Brasil nas discussões em fóruns internacionais sobre o meio ambiente. Ele ressalta, contudo, que os indígenas também devem ser ouvidos sobre outros temas, entre os quais direitos humanos e integração geopolítica.
Outros diplomatas também ressaltam que, o fato de Mauro Vieira ter recebido os indígenas na sede do Itamaraty e o encontro ter sido tornado público — com divulgação nas redes sociais — envia um recado a outros países de que os indígenas devem ser ouvidos sobre meio ambiente.
“As posições do Brasil em fóruns internacionais sobre meio ambiente devem levar em conta os debates na sociedade civil e isso deve incluir as demandas e questões trazidas pelas populações indígenas. É fundamental ouvi-los, porque os argumentos dos povos indígenas servem de base para formular as posições brasileiras nas discussões internacionais”, afirmou um outro diplomata a par das conversas entre o Itamaraty e os indígenas.
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, durante uma coletiva de imprensa no Skoll World Forum, em Oxford, no Reino Unido.
Bárbara Bom Angelo/TV GLOBO
Discurso na ONU
Ao participar neste mês nos Estados Unidos do Fórum Permanente das Nações Unidas sobre Questões Indígenas, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, disse que as populações devem ser ouvidas nas negociações sobre políticas ambientais.
“Algumas mensagens que estou levando para o mundo estão sendo escutadas, mas só serão efetivadas se forem mensagens de todos, sejam representantes de organizações indígenas, sejam representantes governamentais. E a primeira mensagem é conhecida, diz respeito à importância dos povos indígenas nas negociações ambientais”, afirmou a ministra.
“Com a COP na Amazônia [em 2025], isto fica mais evidente. Porém, ainda falta muito para essa importância resultar em participação concreta, por isso precisamos nos organizar”, completou.
Para a ministra, os indígenas também devem participar de discussões sobre temas como transição energética, formulação de políticas para energia renovável, proteção dos territórios, sistemas alimentares e o chamado racismo ambiental.